Daí!
Tínhamos um compromisso inadiável neste fim-de-semana. Daquele que imprevisto nenhum seria capaz de impedir nossa presença. Oficialmente, nossa primeira decisão de título profissional! Para isso, o Desprovidos, mais
O Cancheiro, se deslocou até
Brusque, onde, no
Estádio Augusto Bauer - novo riscado da listinha -, os locais quadricolores (que
estiveram aqui, já, nessa Segundona) receberiam o
Camboriú, pela segunda partida da finalíssima do
Campeonato Catarinense Série B.
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Conglomeração de torcedores em frente à entrada do estádio (Foto: Matheus Pereira) |
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Torcida Força Independente, a famosa TFI, fez bela festa (Foto: Matheus Pereira) |
Chegamos ao Gigantinho da Beira-Rio em cima do laço - eram 14h30 quando adentramos a cancha. Podemos ficar no gramado no pré-jogo, o que propiciou belas fotos, mas, a partida mal havia se iniciado e fomos convidados a nos retirar, devido a ausência de credenciais. Como sempre, quem faz por gosto é quem mais se dá mal; ainda mais, sabendo explicitamente que isso se dava devido a suposta presença do nosso ilustre
ditador presidente, Delfim Peixoto Filho, no estádio.
Enfim, a atmosfera era LINDA. Digníssima de jogo de decisão. A apaixonada torcida brusquense saiu de casa num calor absurdo para prestigiar a decisão, e lotou o Augusto Bauer - mais de quatro mil presentes, segundo informação ainda extra-oficial. Divididos entre a arquibancada coberta (povão), a descoberta (torcida organizada e o famoso povão que pega junto) e o alambrado para os mais corajosos, os torcedores certamente foram um fator essencial para a equipe no campeonato inteiro. Do outro lado, veio aproximadamente trinta torcedores de Camboriú para o jogo.
Na primeira partida da decisão, disputada no fim de semana anterior no Robertão, o esquadrão quadricolor saiu vencedor por 1 a 0, e isso motivou ainda mais os habitantes da terra da Fenarreco a se fazerem presentes na final. Diversos balões foram espalhados pelas arquibancadas, e a festa na entrada dos jogadores foi bonita, lembrando até, em alguns momentos, a maravilhosa década de noventa.
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Senhoras e senhores, a foto oficial do título do Brusque Futebol Clube - o Camboriú, por sua vez, não quis posar (Foto: Matheus Pereira) |
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Atletas se cumprimentam antes do início da peleja (Foto: Matheus Pereira) |
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À frente, as taças; ao fundo, o trio de arbitragem, composto por Edmundo Alves do Nascimento, Diego Leonel Félix e Gianlucca Perrone Vasconcelos, além dos capitães (Foto: Matheus Pereira) |
Enquanto ainda estávamos, efetivamente, em campo, vimos poucos lances de efeito, mas sim uma amostra do que eram os ânimos exaltados para essa partida. O atacante Brasão, do Cambura, deixou a sola do pé sobre Flavinho deslealmente, e foi cobrado pelo zagueirão Cleyton, do Brusque, que partiu para cima do ídolo camboriuense, ocasionando a primeira confusão da partida e fazendo os torcedores começarem as provocações ao atleta adversário.
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Passados os instantes iniciais da partida, rumamos à arquibancada descoberta, bem ao lado da TFI. Por lá, em meio a duas ou até três pessoas a cada degrau, torramos no sol, mas, tudo pelo jogo! Brasão seguiu reclamando, discutindo e infernizando a vida dos zagueiros do Brusque - mais com provocações que pela habilidade, é verdade -, até que pouco mais tarde dividiu com o goleiro Wanderson e saiu machucado, tendo de ouvir ainda mais das arquibancadas locais.
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Momento que antecedeu a confusão: a dividida entre Flavinho e Brasão (Foto: Matheus Pereira) |
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Cleyton tirando satisfações com o camisa nove (Foto: Matheus Pereira) |
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Edmundo Alves do Nascimento tendo trabalho na partida desde os primeiros minutos (Foto: Matheus Pereira) |
Sem seu homem de referência, o Camboriú, que buscava ser mais incisivo que na partida de ida, acabou perdendo grande parte do poderio ofensivo. Mesmo na base da vontade e de um abafa voluntário de seus atacantes, a equipe laranja não conseguiu exercer a pressão que desejava sobre o Brusque, que teve duas boas chances, com Eydison e Eliomar. O forte calor abateu tanto as equipes, que pouco se moviam e pareciam até mesmo se arrastar, quanto a torcida, que esteve mais calada que o esperado durante a etapa inicial.
Pelo outro lado, a única chance de perigo foi uma cobrança de falta levou a bola às redes laterais de Wanderson, com a torcida do Cambura gritando gol equivocadamente. Mas acabou por ser só - bem pouco pra quem estava decidindo um título. Aliás, o melhor momento da etapa inicial foi quando a torcida, atrás do gol defendido por seu guarda-metas, resolveu parafrasear o famoso cântico homofóbico das canchas brasileiras (que era ecoado sem delongas por todo o estádio, lamentabilíssimo) por "ôôôô, mito!" a cada tiro de meta.
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Já do alto: dividida pelo ar (Foto: Matheus Pereira) |
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Aqui, atleta do Camboriú tenta passar por três marcadores (Foto: Matheus Pereira) |
No intervalo, desci as arquibancadas descobertas e fui até o bar tomar um refrigerante para enfrentar a força do astro-rei sobre nossos cocurutos, e quando me dei conta a partida já havia recomeçado e precisávamos voltar. Depois de um esforço, conseguimos achar nossos lugares, o aperto havia retornado e o calor também, mas o futebol brusquense, por sua vez (para a felicidade dos companheiros que estavam ao meu redor), havia melhorado.
Contando com as boas investidas do talismã da torcida, João Neto, e as arrancadas do voluntarioso Paulinho, a equipe da casa passou a crescer pelo lado direito das quatro linhas. Ao incomodar um bocado o goleiro do Camboriú, Rodrigo Rocha, o Brusque animou também seus torcedores presentes atrás da trave. E, consequentemente, passou a dar um gás extra - a hora mais bela do futebol haveria de chegar; ah, ela haveria.
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Minha visão nas quentes arquibancadas do Bauer (Foto: Matheus Pereira) |
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Habemus jogo por detrás do alambrado (Foto: Matheus Pereira) |
Ela chegou quando eram dezesseis minutos. Eydison recebeu de Tony, dominou bonito e bateu, meio caindo, num estilo pós-moderno de voleio, acertando a gaveta do arqueiro adversário e pondo 1 a 0 no placar, levando à loucura aquela peça de cimento que salvaguarda tantos corações em dia de decisão, chamada, pelos comuns, de arquibancada. Cânticos de "o campeão voltou!" ditaram o ritmo nos minutos subsequentes.
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Nem bem deu para assimilar o placar agregado em dois a zero, o cronômetro correndo, o estádio lotado e a boa atuação, e a torcida teve outro motivo para sorrir. Quem ocasionou? Ele mesmo: Eydison! Recebeu de Flavinho, dez minutos após o debute do placar, e bateu de canhota no cantinho; o goleiro Rodrigo Rocha, enganado pelo montinho artilheiro, nada fez, e o atacante brusquense anotou seu nono tento na competição, ampliando para 2 a 0 na tarde (três, no agregado).
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Muitos braços unidos na comemoração LENTRA A do gol de Eydison - que, por sua vez, é aquele louco ATADO ao alambrado (Foto: Matheus Pereira) |
Não havia nada mais a ser feito por parte do Camboriú. A torcida local ainda provocou um bocado os poucos guerreiros que viajaram para ver o vice-campeonato, afinal, para os do Bruscão, tudo agora era festa. A equipe ainda quase marcou o terceiro gol posteriormente, mas tratou de administrar o resultado, levando apenas um ou dois sustos em chegadas do adversário. Ao apito final de Edmundo Alves do Nascimento, não deu outra:
Brusque 2x0 Camboriú, e o clube levantou pela terceira vez o caneco da Série B Catarinense.
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A taça fica em Brusque! (Foto: Lucas Gabriel Cardoso) |
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A gloriosa foto pós-titulo (Foto: Lucas Gabriel Cardoso) |
Após o apito final, era a hora da premiação, e os seguranças não queriam permitir que entrássemos em campo para fotografar. Depois de uma bela negociação, o
Lucas adentrou ao gramado, enquanto eu, que não tenho saco nem minutos de vida pra isso, resolvi aguardar o portão ser aberto por completo. Por isso, as fotos acima são dele, que é meu brother e parceiro de blog, então tudo está em casa.
Sobre a entrega de troféus, aliás, quanta politicagem e demagogia! Um discurso longo do presidente do Brusque, que exaltou... os patrocinadores! Uma notinha agradecendo a torcida e longas falas para cada patrocinador, o que fez parecer uma eternidade o tempo até que os torcedores pudessem ultrapassar a portinhola e chegar a seus ídolos temporais. Quando isso finalmente aconteceu, foi para alguns breves cumprimentos e fotos.
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Torcedores aproveitaram para posar ao lado dos atletas da campanha do tri (Foto: Matheus Pereira) |
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O ícone de raça da equipe, João Neto, feliz da vida sobre o caminhão (Foto: Matheus Pereira) |
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Lá se foi o caminhão de bombeiro com os atletas... (Foto: Matheus Pereira) |
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...e a festa foi atrás! (Foto: Matheus Pereira) |
Para fechar com chave de ouro a comemoração do título, os jogadores embarcaram num caminhão de bombeiro, ali no estádio mesmo, e rumaram pela cidade comemorando o tricampeonato. A torcida, feliz da vida, foi atrás. Futebol é lindo de se assistir, e com certeza o episódio vivido na tarde deste domingo em Brusque fez aumentar minha paixão por tudo isso. Dale, futebol VERDADEIRO! Marreco e Camboriú se reencontrarão na elite em 2016, e pretendo retornar ao Bauer para uma peleja por lá - talvez não pelo
Desprovidos, até porque a primeira divisão é bem provida de fama. Mas, enfim...
Seguiremos nosso segundo semestre, que está cheio de compromissos pela frente - ainda bem! -, e tornamos a reencontrar-nos no fim-de-semana que vem. Por ser feriadão, as chances de rodada dupla são grandes, anseio para voltarmos a nos ver. Grande abraço, boa semana!